Presente e futuro dos jogos de azar no México: entre inovação e responsabilidade

Durante um painel moderado por Karen Sierra Hughes, vice-presidente da GLI para América Latina, Caribe e Espanha, foram discutidos alguns dos temas mais relevantes, e ainda pouco explorados, do mercado mexicano de jogos. Ao lado de Alfredo Lazcano, advogado especializado em direito do jogo, e David Sides, CEO do Logrand Entertainment Group, o debate abordou questões de regulamentação, marketing, métodos de pagamento e o futuro do jogo responsável no país.


 

Um mercado atraente com regras claras

O México se consolida como um mercado próspero, sustentado por uma legislação simples, porém eficaz, que favorece o desenvolvimento de uma indústria inovadora e comprometida com a conformidade regulatória. A autorregulação tem desempenhado um papel fundamental na manutenção da estabilidade do setor e já se tornou um valor compartilhado entre empresários e detentores de licenças.

Um dos avanços mais relevantes é o acordo firmado com a UNAM para a realização de um estudo científico sobre o impacto do jogo na sociedade mexicana. Segundo o coordenador do grupo da indústria de jogos de azar, "o jogo problemático não representa uma ameaça significativa hoje, mas devemos garantir que nunca venha a ser". Esse esforço conjunto tem como objetivo fornecer ferramentas concretas tanto para as autoridades quanto para o setor, com resultados previstos para setembro.


 

Enquadramento legal e publicidade responsável

Alfredo Lazcano aprofundou a análise do quadro legal atual, destacando o artigo 9º da Lei de Jogos e Sorteios, que estabelece dois pontos-chave:

·       A obrigação de incluir em toda publicidade o aviso de que o jogo é proibido para menores de idade.

·       A necessidade de comunicar que o jogo deve ser entendido como uma atividade de entretenimento.

Ele também ressaltou a importância de que influenciadores e figuras públicas deixem claro quando uma ação corresponde a publicidade paga e que os produtos promovidos sejam legais.

Além disso, Lazcano observou que, do ponto de vista acadêmico, não há uma correlação direta entre publicidade e jogo compulsivo, fato que abre espaço para o debate sobre a real eficácia das restrições aplicadas à publicidade no setor.

Futuro do jogo responsável

O painel apontou para possíveis mudanças na regulamentação da publicidade, com o objetivo de proteger os setores mais vulneráveis. Foi citado o caso recente da Argentina, onde influenciadores foram sancionados por promover jogos ilegais e, posteriormente, participaram de campanhas de conscientização sobre os riscos do jogo online para menores.

No México, discute-se a implementação de mecanismos mais robustos de autoexclusão, especialmente em plataformas digitais, onde a tecnologia possibilita processos mais ágeis e seguros para aqueles que desejam limitar sua participação.

Marketing focado no cliente

David Sides compartilhou a filosofia de sua empresa: "O marketing deve estar na sala, não na empresa". A visão reflete o compromisso com uma conexão direta com o cliente, baseada na compreensão de suas reais necessidades e na adaptação das promoções e estratégias de fidelização de acordo com suas preferências.

Métodos de pagamento: inovação regional

Karen Sierra destacou o sucesso do Pix no Brasil, onde 98% das transações já são realizadas por meio desse sistema. O modelo, que elimina a necessidade de dinheiro físico ou cartões, em breve será replicado na Colômbia, com uma moeda inspirada no Pix, movimento que pode consolidar uma tendência regional nos métodos de pagamento aplicados ao setor de jogos.

Encerramento

O painel não apenas ofereceu um raio-X do presente do jogo no México, como também desenhou um roteiro para um futuro mais ético, transparente e centrado no usuário. Com iniciativas acadêmicas, avanços tecnológicos e uma indústria cada vez mais consciente de seu impacto social, o país se consolida como referência regional no desenvolvimento responsável do jogo. O verdadeiro desafio, daqui para frente, será manter o equilíbrio entre crescimento e responsabilidade, sem perder de vista que o jogo, acima de tudo, deve continuar sendo uma experiência segura e divertida.

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